domingo, 5 de maio de 2019

A Nossa Civilização esta a chegar ao fim


Há diversas provas de que a Nossa
Civilização está a chegar ao fim.
 Uma delas consiste na perda de referências que
 durante séculos permitiram organizar o pensamento.
Isso verifica-se na pintura, por exemplo. Quando
era figurativa, a pintura tinha um referencial
– que era a realidade. Era possível dizer se um
 quadro estava ‘bem’ ou ‘mal’ pintado, confrontando-o
 com a realidade que pretendia retratar. Claro que isso não
 bastava. Tinha de haver algo mais, um estilo, um toque de
 génio que diferenciasse um pintor dos outros. Mas esse
 ‘referencial da realidade’ perdeu-se. Hoje temos quadros
 todos pretos ou todos brancos. Não é possível saber se
 estão bem ou mal pintados.
E o mesmo pode dizer-se para a escultura, para a literatura,
 para o cinema ou para a música
A melodia – ou seja, uma linha de continuidade que o
 ouvinte seguia e ia acompanhando – desapareceu da maior
 parte das músicas contemporâneas. Muitas delas são
 conjuntos de sons dispersos, aparentemente sem ligação
 entre si fazendo grande ruído!
E na escrita verifica-se o mesmo. Um romance contava
uma história – que podia ser a história de uma pessoa, de
 uma família ou de um grande amor. Mas muitos dos
 romances que hoje se escrevem não têm história. As frases
são agrupamentos de palavras que podem fazer ou não
 sentido. Também aqui o ‘referencial da realidade’
desapareceu. Não se pode dizer se a história é boa ou
 má, verosímil ou inverosímil, porque deixou de haver história.
E com o cinema passa-se a mesmíssima coisa. O chamado
‘enredo’ perdeu-se.
.Mas não só nas artes se perderam as referências. Em
 muitas outras áreas se nota essa ausência de nexo, ou
 de sentido, ou de lógica. Por exemplo, nos cabelos
cuidadosamente despenteados; na fralda da camisa por
fora das calças; uso de calças com o rabo à mostra, nos
sapatos a que se retiram os atacadores, boné com a pala
virada para trás:  A juventude na linguagem oral dizem
 “boé” para dizerem é bom e muito.
Tudo sinais que pretendem transmitir às pessoas um ar
negligé, desimportado, de desprezo em relação às
 convenções – mas que no fundo representam exatamente
o contrário: um seguidismo cego em relação à moda…
Neste tema da falta de sentido das coisas – ou de uma
cultura do absurdo – o exemplo mais ridículo são as
calças rotas. As calças compradas na loja novas já rotas
 constituem o exemplo máximo de uma civilização que
chegou ao fim da linha e já não consegue inventar mais
nada. Então põe-se a rasgar deliberadamente a roupa
 nova. É o nonsense no seu máximo esplendor!
Tudo começou com os ‘jeans lavados’.
  Quando os bluejeans apareceram, tinham naturalmente
 a cor da ganga azul. E assim viveram uns bons anos.
 Mas a dada altura alguém se lembrou de dar aos jeans
 novos um ar usado – e aí apareceram nas lojas os
‘jeans lavados’. Os jeans novos, com ar de acabadinhos
 de sair da fábrica, tornaram-se um sinal de parolice, de
 pessoa pouco ‘vivida’. E os jovens queriam parecer ‘vividos’...
Mas, como todas as modas, os jeans lavados banalizaram-se
 – obrigando os criadores a puxarem pela cabeça. Mas não
 tiveram grande imaginação. Dos ‘jeans lavados’ passaram
 aos ‘jeans puídos’, ou seja, gastos em certas zonas para
 parecerem muito usados. E a machadada final foram os
 rasgões. Primeiro nos joelhos, mas depois em toda a parte.
 Hoje vêem-se jeans a que faltam praticamente as coxas
– substituídas por gigantescos buracões! As pessoas que
 as vestem tornam-se cómicas. Dão imensa vontade de rir,
 parecendo palhaços pobres!
Entretanto, para dar algum sentido útil a uma moda sem
 sentido nenhum, arrisco-me a fazer uma sugestão. 
Sugiro às empresas de confeção têxtil que façam
convénios com ONGs atuando em países do terceiro
 mundo para enviarem para lá jeans novos – recebendo
 em troca jeans velhos e usados. Que têm mais valor do
que os que se vendem nas lojas, porque foram envelhecidos
 pelo uso e não de modo artificial. E que podem inclusive
 ter andado na guerra, exibindo rasgões feitos em combate
ou mesmo buracos de balas.
Que tal?
Os consumidores ocidentais poderiam satisfazer a sua ânsia
de frivolidade – e as populações desses países pobres teriam
 o prazer de usar calças novas

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