Assim era
Bocage...
A arte de bem falar (antes do acordo ortográfico).
Conta-se que Bocage, ao chegar a casa um certo dia,
ouviu um barulho
estranho vindo do quintal.
Chegando lá, constatou que um ladrão tentava levar
os
seus patos de
criação.
Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e,
surpreendendo-o ao tentar pular
o muro com os seus amados patos, disse-lhe:
-Oh, bucéfalo anácrono! Não te interpelo pelo valor
intrínseco dos bípedes
palmípedes, mas sim pelo acto vil e sorrateiro de
profanares o recôndito da
minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e
à socapa.
Se fazes isso por necessidade, transijo... mas se é
para
zombares da
minha elevada
prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com
a minha
bengala
fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal
ímpeto que te
reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo
denomina nada.
E o ladrão, confuso, diz:
-Doutor, afinal levo ou deixo os patos?
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