segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A padeira de Aljubarrota

Brites de Almeida não foi uma mulher vulgar. Era feia um (camafeu),
 grande, com os cabelos crespos e muito forte. Não se enquadrava
 nos típicos padrões femininos e tinha um comportamento masculino,
 o que se reflectiu nas profissões que teve ao longo da sua vida.
 Nasceu em Faro, de família pobre e humilde e em criança preferia 
mais vagabundear e andar à pancada que ajudar os pais na taberna 
de donde estes tiravam o sustento diário. Aos vinte anos ficou órfã, 
de pai e mae. Vendeu os poucos bens que herdou e meteu-se ao
 caminho pelo país fora,andando de lugar em lugar e convivendo com
 todo o tipo de gente.
 Aprendeu a manejar a espada e o pau com grande mestria que 
depressa alcançou fama de valente! Apesar da sua temível reputação
 houve um soldado alcobacense que era refractário  que cumpria 
o serviço militar obrigatorio em Leiria com 30 anos de idade. Ele ficara,
 encantado com as suas proezas, procurou-a e lhe propôs casamento. 
Ela, que não estava interessada em perder a sua independência, mas 
primeiro impôs-lhe a condição de lutarem  os dois antes de aceitar o 
casamento. 
Como resultado, o soldado ficou ferido de morte e Brites de Almeida
 fugiu de barco para Castela com medo da justiça. Mas o destino quis
 que o barco fosse capturado por piratas mouros e Brites foi vendida 
como escrava. Com a ajuda de dois outros escravos portugueses 
conseguiu fugir para Portugal numa embarcação que, apanhada por 
uma tempestade, veio dar à praia da Ericeira. Procurada ainda pela 
justiça, Brites cortou os cabelos, disfarçou-se de homem e tornou-se
almocreve. Um dia, cansada daquela vida, aceitou o trabalho de padeira 
em Aljubarrota e casou-se com um transmontano, insolente, diabólico 
 mais forte do que ela. que fora o homem ideal para si.
O dia 14 de Agosto de 1385 amanheceu com os primeiros clamores da 
batalha de Aljubarrota e Brites não conseguiu resistir ao apelo da sua
 natureza. Pegou na primeira arma que achou e juntou-se ao exército 
português que naquele dia derrotou o invasor castelhano. 
Chegando a casa cansada mas satisfeita, despertou-a um estranho 
ruído: dentro da casa onde  estava o forno  desta freguesia, e onde 
ela trabalhava como padeira. Dentro dessa casa do forno estavam 
sete castelhanos escondidos, a comer muito tranquílos  o arto 
(pão) que ela tinha feito na noite anterior.
Brites  sem  avisar ninguém pega numa pá do forno e matou logo ali os
 sete castelhanos. que nem lhe deu tempo de ripostar! 
Alguns dias depois, tomada pelo nacionalismo, chefia um grupo de 
mulheres e persegiuiram fugitivos castelhanos que ainda se encontravam
 pelas redondezas. 
Conta a história que Brites acabou os seus dias em paz junto do  seu
 marido ja velho e sem forças. Mas a memória dos seus feitos heróicos 
ficou para sempre como símbolo da independência de Portugal.
 A pá foi religiosamente guardada como estandarte de Aljubarrota por
 muitos séculos, fazendo parte da procissão do 14 de Agosto.


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