quinta-feira, 8 de agosto de 2024

 

E s c r i t o  p o r  u m a  B r a s i l e i r a

(Esta Senhora faz um grande elogio a Portugal. Por isso,

Decidi publicar num dos meus blogues):

Ruth Manus, é advogada e professora universitária

e escreve um blogue num Jornal de S. Paulo

Dentre as coisas que mais detesto, duas podem ser

destacadas: Ingratidão e pessimismo.

Sou incuravelmente grata e otimista e, comemorando

quase 2 anos em Lisboa, sinto que devo a Portugal o

reconhecimento de coisas incríveis que existem aqui,

 embora me pareça que muitos nem percebam.

Não estou dizendo que Portugal seja perfeito.

Nenhum lugar é. Nem os portugueses são, nem os

 brasileiros, nem os alemães, nem ninguém.

Mas para olharmos defeitos e pontos negativos basta

abrir qualquer jornal, como fazemos diariamente.

Mas acredito que Portugal tenha certas características

nas quais o mundo inteiro deveria inspirar-se.

Para começo de conversa, o mundo deveria aprender 

Cozinhar com os portugueses.

Os franceses aprenderiam que aqueles pratos com

 Porções minúsculas não alegram ninguém.

Os alemães descobririam outros acompanhamentos

além da batata.

Os ingleses aprenderiam tudo do zero.

Bacalhau e pastel de nata?

Não. Estamos falando de muito mais.

Arroz de pato, arroz de polvo, alheira, peixe fresco

grelhado, ameijoas, plumas de porco preto, grelos

salteados, arroz de tomate, baba de camelo, arroz 

doce, ovos moles.

Mais do que isso, o mundo deveria aprender a se

relacionar com a terra como os portugueses se

 relacionam.

Conhecer a época das cerejas, das castanhas e da 

vindima.

Saber que o porco é alentejano, que o vinho do

 Porto é do Douro.

Talvez o pequeno território permita que os

 portugueses conheçam melhor o trajeto dos

 alimentos até a sua mesa, diferente do que ocorre,

 por exemplo, no Brasil.

O mundo deveria saber ligar a terra à família e à 

história Como os portugueses.

A história da quinta do avô, as origens transmontanas

 da família, as receitas típicas da aldeia onde nasceu a

 avó.

O mundo não deveria deixar o passado escoar tão

rapidamente por entre os dedos.

E se alguns dizem que Portugal vive do passado, eu 

tenhocerteza de que é isso o que os faz ter raízes tão

 fundas e fortes. O mundo deveria ter o balanço entre

 a rigidez e afeto que têm os portugueses.

De nada adiantam a simpatia e o carisma brasileiros se

 eles nos impedem de agir com a seriedade e a firmeza

que determinados assuntos exigem.

O deputado Jair Bolsonaro, que defende ideias piores

 que As de Donald Trump, emergiu como piada e hoje se 

fortalececomo descuido no nosso cenário político.

Nem Bolsonaro nem Trump passariam em Portugal.

Os portugueses - de direita ou de esquerda - não riem dess

e tipo de figura, nem permitem que elas floresçam.

Ao mesmo tempo, de nada adianta o rigor japonês que a

Caba em suicídio, nem a frieza nórdica que resulta na

 ausência de vínculos.

Os portugueses são dos poucos povos que sabem dosar

rigideze afeto, acidez e doçura, buscando sempre a medida

 correta de cada elemento, ainda que de forma inconsciente.

Todo país do mundo deveria ter uma data como o 25 de abril

para celebrar.

Se o Brasil tivesse definido uma data para celebrar o fim da

ditadura, talvez não observássemos com tanta dor a

fragilidade da nossa democracia.

Todo país deveria fixar o que é passado e o que é futuro

Através de datas como essa.

Todo idioma deveria conter afeto nas palavras corriqueiras

como o português de Portugal transporta.

Gosto de ser chamada de “ miúda“.

Gosto de ver os meninos brincando e ouvir seus pais

 chama-los carinhosamente de “ putos “.

Gosto do uso constante de diminutivos.

Gosto de ouvir “magoei-te?” quando alguém pisa no

 meu pé.

Gosto do uso das palavras de forma doce.

O mundo deveria aprender a ter modéstia como os

 portugueses, embora os portugueses devessem ter

mais orgulho desse seu país do que costumam ter.

Portugal usa suas melhores características para

aproximar as pessoas, não para afastá-las.

A arrogância que impera em tantos países europeus,

passa bem longe dos portugueses.

O mundo deveria saber olhar para dentro e para fora

como

Portugal sabe.Portugal não vive centrado em si próprio

como fazem os franceses e o norte americanos.

Por outro lado, não ignora importantes questões internas,

priorizando o que vem de fora, como ocorre com tantos

países colonizados.

Portugal é um país muito mais equilibrado do que a

média e é muito maior do que parece.

Acho que o mundo seria melhor se fosse um pouquinho

mais parecido com Portugal.

Essa sorte, pelo menos, nós brasileiros tivemos.

Sem comentários:

Enviar um comentário