Consta-se que no tempo de D. Afonso Henriques, um casal do Distrito de Bragança do concelho de Vila Flor, decidiu Ir viver para o Algarve. Por ter um clima mais quente e haver falta de mão-de-obra na sua terra. Nesse tempo esta província ainda estava na posse dos árabes.
Este dito casal tinha uma só filha de oito anos, loira e muito bonita. Que quando partira da sua da sua aldeia no Nordeste Transmontano, ficou com muita pena por ter deixado lá as suas amigas. Mas como os seus pais não tinham trabalho todos os dias para a sua subsistência preferiram emigrar para Algarve.
Logo que chegaram a esta localidade o marido e a mulher conseguiram arranjar trabalho na faina agrícola para os dois numa grande quinta que tinha pomares de todas as espécies de árvores de frutos e vinhas. Que pertencia a um senhor árabe muito rico, que era também proprietário de dois grandes e bonitos palácios num dos quais estava destinado ao seu harém.
Depois de cinco anos a trabalhar para o mesmo patrão, este casal sentia-se muito satisfeito por ter um salário razoável que dava para viver muito melhor do que se vivesse no Norte. Como trabalhavam menos que Norte e ganhavam mais, passaram a ter uma alimentação de melhor qualidade e quantidade.
A mulher do transmontano era muito bonita e loira, como passou a ter uma melhor alimentação e menos trabalho mais bonita se tornou, que o Patrão arabe muito aperciava. Os árabes gostaram sempre de mulheres loiras! Consta-se até que já tem havido raptos em Marrocos, Argélia, Tunísia, etc. De mulheres turistas loiras para depois as venderem aos donos dos haréns.
Perante a beleza desta camponesa loira transmontana. O magnata patrão convidou o marido para ser o guarda do seu harém, que lhe daria um gordo ordenado, mas tinha que se sujeitar às condições de castração para ser o eunuco do bordel do árabe.
O transmontano percebeu quais eram a intenções do árabe e recusou a oferta desse emprego especial onde pouco fazia e ganhava muito mais.
Como o seu empregado recusou tal emprego de guarda do harém devido à castração, o arabe arranjou um indígena daquela zona algarvia para esse lugar. No entanto, ia tentar outra estratégia, arranjou-lhe um trabalho mais protegido das intempéries do clima mas de mais risco de modo que a mulher ficasse viúva para a poder manejar à sua vontade.
O transmontano passou a ser o zelador dos toneis, quando o vinho velho era todo retirado ele tinha entrar lá dentro para os limpar para a nova colheita.
Num daqueles dias, o patrão de noite foi à sua grande adega e borrifou com muito álcool todo o interior tonel que ele ordenara que tinha ser limpo no dia seguinte.
Quando o seu trabalhador entra dentro do dito tonel, cinco minutos depois morre lá dentro intoxicado. A mulher que por caso passou junto a adeja por curiosidade, foi ver o que o marido estava a fazer naquele momento. Chamou por o marido, mas ele não respondeu, espreitou para dentro do tonel e viu-o deitado e não se mexia. De imediato entrou também lá dentro para saber o que se estava a passar com o seu marido. Ela tentou puxá-lo para fora do dito tonel, mas não conseguiu e caiu prostrada dentro e morreu intoxicada também.
O patrão ficou muito triste apenas por ter morrido também a mulher bonita do seu trabalhador. A filha já tinha 13 anos estava quase uma mulher, que era ainda mais bonita que a mãe. A rapariga ficou a cargo do magnata, já que não pode ter a mãe para seu belo prazer iria ter a filha mais tarde.
O Árabe rodeava a rapariga dos melhores mimos para esquecer a falta dos pais e as saudades que dizia sentir da sua terra. Mesmo quando os eram vivos ela sentia uma tristeza interior de estar tão longe da terra onde nasceu.
A rapariga não queria comer e passava os dias muito tristes, quando havia festas no palácio do magnata, ela retirava-se para os seus aposentos, preferia estar só. Tudo isto, perturbava o árabe. A continuar naquele estado de angústia e alimentar-se muito mal poderia morrer-lhe em casa, aquela rapariga tão bonita e loira que tencionava esposar para sua mulher número um.
A religião árabe permite aos homens casarem com quatro mulheres ao mesmo tempo, mas se tiverem muito dinheiro podem ter ainda mais um harém. Nos regimes árabes existe a poligamia, mas não toleram poliandria, as mulheres têm que ser monandras. Caso contrário, dão-lhes castigos físicos muito severos.
O árabe, cada vez se, preocupava mais com rapariga que queria acabar de criar e que vivesse com saúde e alegria. Para se fazer uma mulher toda sexe. Mandou vir ao seu palácio: espíritas cartomantes, videntes, astrólogos, bruxos, curandeiros, feiticeiros, adivinhos, magicos nigromantes, etc. A fim que eles pudessem arranjar alguns produtos esotéricos, chás, rezas ou feitiços para que ela comesse melhor e tivesse mais alegria. Mas toda essa gente não a conseguiram demover do seu estado de tristeza. As saudades da sua terra e falta de seus pais faziam com que ficasse sem acção.
Uma tarde, porém, vêm dizer ao árabe que está ali perto um velho que tinha acabado de chegar das bandas do Norte muito próxima da terra onde a rapariga tinha nascido. O árabe mandou de imediato chamar o velho para ver se ele conseguia alegrar a rapariga.
Logo que o dito velho chegou foi falar com a rapariga nos seus aposentos. Passado alguns minutos saiu dos aposentos da moça e disse para o árabe:
- O mal desta jovem é as saudades que da sua terra!
- Mas lá é melhor que aqui?
- Não será melhor mas é muito diferente!
- O que devo fazer para criar um ambiente semelhante ao da sua terra no Norte?
- Senhor! Basta que planteis por este Algarve fora centenas de amendoeiras. No dia em que florescerem todos os caminhos e montes parecerão cobertos de neve e ela curar-se-á imediatamente.
O árabe ficou incrédulo com o que disse o velho, mas, apesar de tudo, decidiu plantar milhares de amendoeiras por todo o Algarve. Quando milhões de pequenas flores cobriram enormes extensões mesmo nos jardins que circundavam o palácio. A moça quando viu aquele espectáculo das flores disse:
- Que alegria! É a neve! A neve da minha terra.
A partir daquela data começou a ter alegria e ter vontade de viver naquela terra. O árabe ganhou uma loira e bonita mulher. O Algarve também ganhou e ficou mais bonito com aquele plantio de amendoeiras.
Esta é a história das amendoeiras no Algarve. Que já há poucas e as que existem estão todas abandonadas! Esperamos que venha outro árabe magnata do petróleo à procura de uma princesa encantada, mas se a quiser levar tem que repor e cuidar das amendoeiras desta bonita região balnear.
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