domingo, 13 de julho de 2014

A última viagem de táxi

Uma história que que um meu amigo Taxista me contou.
Há já três dezenas de anos que ele ganhava a vida como
motorista de táxi. Os passageiros embarcavam
totalmente anónimos. E, às vezes, contavam-lhe 
episódios de suas vidas, suas alegrias e
suas tristezas.
Encontrou pessoas que o surpreenderam. Mas,
NENHUMA como naquela noite de Julho.
Recebeu uma chamada vinda de um pequeno prédio 
de tijolinhos, em uma rua tranquila,num bairro
 pobre.
Quando chegou ouvia cachorros latindo longe.
 O prédio estava escuro, com exceção de uma 
única lâmpada acesa numa janela do rez-do chão.
Esperou cerca 20 minutos.
Nestas circunstâncias, outros teriam buzinado duas
ou três vezes, esperariam só um pouco e,então,
 iriam embora.
Mas, ele sabia que muitas pessoas dependiam de táxis
 como único meio de transporte a tal hora.
A não ser, portanto, que a situação fosse claramente 
perigosa, ele esperava quase sempre o tempo que 
fosse que necessário.
Este passageiro pode ser alguém que necessita de 
ajuda", pensou. Assim, foi até a porta e bateu
"Um minutinho", respondeu uma voz fraca e idosa.
Ouviu alguma coisa ser arrastada pelo chão...
Depois de uma pausa longa, a porta abriu-se. Viu-se 
então diante de uma senhora bem idosa, pequenina
 e de frágil aparência.
Usava um vestido estampado e um chapéu bizarro 
daqueles usados pelas senhoras idosas nos filmes 
da década de 30! E equilibrava-se numa bengala,
 enquanto segurava com dificuldade uma pequena
 mala.
Dava para ver que a mobília estava toda coberta com
 lençóis. Não haviam relógios, roupas ou adornos
 sobre os móveis. Num canto jazia uma caixa aberta 
com fotografias e vidros.
A velha senhora, esboçando então um tímido sorriso 
de quem havia já perdido todos os dentes, pediu-lhe:
O senhor poderia me ajudar a levar a mala?
Ele pegou na mala e ajudou-a caminhar lentamente até
o carro. E enquanto se acomodava ela ficou-lhe 
agradecendo.
Não é nada, apenas procuro tratar meus 
passageiros do modo que gostaria que tratassem 
minha velha mãe”.-" Oh!, você é um bom rapaz!"
Quando seguimos viagem, deu-lhe um endereço e pediu:
-"O senhor poderia ir pelo centro da cidade?"
-" Aquele não era trajeto mais curto", alertou-a
prontamente.
Eu não me importo. Não estou com pressa.
Meu destino é o último, o asilo dos velhos".
Surpreendido, ele olhou-a pelo retrovisor.
Os olhos da velhinha brilhavam marejados.-" Eu não
 tenho mais família e o médico disse-me que tenho 
muito pouco tempo de vida!"
Disfarçadamente desligou o taxímetro e perguntou-lhe:
-"Qual o caminho que a senhora deseja que eu tome?"
Aquelas horas da noite podia-se andar bem por toda a 
cidade. Ela mostrou-lhe o edifício onde ela tinha 
trabalhado como mulher-a-dias, em certa ocasião.
Nós passamos pelas cercanias do Centro Cívico, em 
que ela e o esposo tinham vivido como recém-
casados.
E por um restaurante onde ela e o marido 
 comemoraram Bodas de Ouro.
Ela pediu-lhe que passasse em frente da Casa do 
Alentejo onde ia a dançar quando era quando era
mocinha.
E assim rodaram a noite inteira.
Passaram por parques, praças, restaurantes, tudo o 
que vinha vindo na imaginação da querida velhinha.
Quando o primeiro raio de sol surgiu no horizonte,
 ela disse de repente:"Estou cansada e pronta.
 Vamos agora!"
Seguiram, então, em silêncio, para o endereço que
 ela havia lhe dado. Chegaram uma pequena casa
 de repouso.
Duas funcionárias vieram até ao táxi, assim que
 pararam. Eram amáveis e atentas e logo se 
acercaram da velha senhora, a quem pareciam 
esperar.
Ele abriu a mala carro e levou-a até a porta. 
A senhora, já sentada em uma cadeira de rodas, 
perguntou-lhe então, quanto é o preço da corrida?
Quanto lhe devo?", ela perguntou-lhe, pegando
 na bolsa.
Nada!", disse ele -" Você tem que ganhar a vida,
 ainda é um jovem”
-" Há outros passageiros que pagam", respondeu.
  • Mas ela insistiu, disse que não precisava mais de
  • dinheiro, e colou 1000$00 Escudos, no bolso 
  • da camisa dele.Ele não queria aceitar, mas ela 
  • foi incisiva ao extremo, e quase sem pensar, 
  • curvei-me e deu-lhe um abraço. Ela envolveu-o
  •  comovidamente e devolveu-lhe com um beijo 
  • afetuoso e repleto da mais pura e genuína 
  • gratidão e disse:
O senhor deu-me nesta viagem, bons momentos 
de alegria, como não tinha há tanto tempo. 
Visitamos não só lugares, mas momentos que eu 
vivi.
 Só Deus é quem sabe o quanto você fez por mim. 
Obrigada,MEU AMIGO! Mil vezes obrigada.”
Apertou-lhe a mão pela última vez e caminhou até o 
carro e começou chorar, e pensar como vivemos
 e ao que damos valor se daqui não levamos nada!
Atrás de mim, uma moça fechava o portão, e eu 
avistava,
 a ela e outros velhinhos repousando em cadeiras.
 Era como o som do término de uma vida...Naquele
 dia não quis transportar mais passageiros.
Cinco dias depois, tomou coragem e voltou à casa 
de repouso para ver como estava a sua nova 
amiga e quem sabe passear com ela de novo. Mas 
disseram-lhe,então, que na noite anterior, seu 
coração tinha parado durante a noite, e ela 
adormecera para sempre, em paz e feliz.
Em geral, condicionamos a pensar em nossas vidas 
 em objetivos e o futuro, mas ela gira em grandes 
momentos.
 Todavia, os GRANDES MOMENTOS frequentemente nos
 pegam desprevenidos e ficam guardados em 
recantos que quase todo mundo considera sem
 importância.
AS PESSOAS PODEM NÃO LEMBRAR-SE EXATAMENTE 
O QUE VOCÊ FEZ, OU O QUE VOCÊ DISSE.
MAS, ELAS SEMPRE SE LEMBRARÃO COMO VOCÊ AS
 FEZ SENTIR FELIZES PORTANTO, VOCÊ PODE FAZER 
A DIFERENÇA. PENSE BEM NISTO;CÊ AS FEZ SENTIR-SE
OS IDOSOS DE HOJE, SOMOS NÓS AMANHÃ.
última vez e caminhou até o carro. Emocionou-o e
 chorou ao pensar como vivemos e ao que damos valor. 

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